Não podia deixar passar esse convite feito por Dr: Manellis, uma pessoa excepcional que em pouco tempo se envolveu no surf, saiu da monotonia e do sedentarismo para estar no melhor dos esportes, ao meu modo de ver!
Graças a Deus, hoje o surf vem ajudando várias pessoas a se reabilitarem e eu sou uma delas.
Estou hoje com 8 anos e meio de transplante renal.
Quando transplantei, busquei o surf como uma forma de reabilitação, no inicio ninguém ( família, médicos ) queria mas provei que era possível.
Com ajuda de profissionais da área de educação física, comecei um trabalho em academia e natação embora no inicio tenha sido tudo muito leve; pouco peso. Nadava, o quanto dava, muito ligth; com esse retorno, decidi recomeçar no longboard,e estou lembrando do dia em que estava no Jardim de Alah surfando com um logboard emprestado de um amigo; nessa época, não surfava de long e não tinha acontecido ainda o problema renal.
Um grande amigo meu, chamado Aurélio Santana - shaper da época - me viu pegando onda e depois me disse:
- Marola vc leva jeito no long por que não começa nesta categoria??
Rapaz...
Isso eu deveria ter uns 23 anos; não levei fé e deixei para lá.
Meu negocio era mesmo pranchinha!
Long é "coisa de velho"
Que o digam Roger Barros e Carlos Bahia, dois campeões brasileiros! (rsrsr)
E assim foi.
Mesmo transplantado consegui alguns resultados legais em minha curta carreira como profissional de longboarder sendo o melhor resultado a nona colocação no profissional sendo que nesta mesma competição participei também da categoria master na qual fiquei em 2º lugar, minha melhor posição no ranking brasileiro.
Fiquei muito feliz pois estava desacreditado
Já na viagem para o campeonato, estava com duas Caracol Waves: uma triquilha progressiva e outra zerada com quilha de encaixe que ainda não tinha nem colocado n’água!
Pois bem, lá em Maraca não consegui entrar em sintonia com a onda no primeiro dia que surfei mas estava tranqüilo; meu problema maior era o condicionamento pois não tinha me preparado suficientemente para esta competição.
No segundo dia, eu, José Hebert e RV fomos para um pico chamado Serrambi. Galera... foi uma viagem! (rsrsr)
RV não lembrava onde era o pico e terminamos por entrar em um condomínio de casas.
Começamos a procurar mas olhavamos a praia e não víamos nada!!
Cadê?
Onde é??
Aí, RV disse:
- É aqui, não estou lembrado mas acho que é aqui! Vamos perguntar ali. Tem dois caras que parecem ser surfistas...
Então fomos perguntar!
- Amigo, é aqui o pico de Serrambi??
Um olhou pra cara do outro e disse:
- Não, vcs erraram o caminho! Vcs tem que sair do condomínio e seguir em frente mais à frente. Vai ter outro condomínio...
Olhamos um para cara do outro e dissemos:
- E agora?
RV diz:
É aqui, já surfei antes neste pico e foi aqui!
Pronto!
Voltamos, paramos o carro e fomos para a beira da praia.
Ficamos a observar..
À nossa direita tinha um senhor hotel; na frente tinha uma bancada de corais de uns 300 mts. Resolvemos ir até o hotel para dar mais uma olhada.
Ficamos olhando o horizonte quando de repente vimos um cara surfando.
O cara estava muito pequeno; era um pontinho dentro d'agua bem à nossa esquerda...
Aí foi aquela euforia!
Fomos pegar as pranchas.
Quando viramos, quem estava chegando com seu longboard????
O cara que tinha dado a informação errada!
Imagine só!
Chegou botou a lycra e entrou no canal (uns 300 mts de canal mais uns 200 de mar aberto até chegar no pico)
RV foi tão rápido que conseguiu remar com o cara enquanto eu e Hebert fomos juntos na remada até a saída do canal porque Hebert tinha aberto mar adentro e eu, metido a esperto, fui beirando os corais quando de repente...
Entrou uma onda na bancada na qual estava remando que tinha uns 2 mts!
A bancada estava super rasa e minha sorte é que estava com a triquilha. Só arrastou um pouquinho a quilha nos corais.
Pense num cara assustado com a adrenalina a mil.
Não sei como passei mas consegui furar a onda na risca; os caras estavam dando altas risadas e eu totalmente adrenalizado!
Neste dia a bancada estava tubular.
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Tubular!
Vc dropava e já ia entrando no tubo de saía uma onda perfeita.
RV estava animal dando uns floaters muito arriscados; chamamos sua atenção mas não adiantou.
Vinte minutos depois, RV quebrava a prancha ao meio tendo que voltar remando de bico dobrado no meio do peito! (rsrsr)
Eu, fiz a mala com altos tubos à la Indonésia!
Perfeito demais.
A Caracol estava envenenada (rsrs)
Bons momentos...
Voltamos para pousada felizes da vida e, eu, com um condicionamento melhor.
(rsrsr)
Bem...
Fui surfar com a segunda prancha (a nova) que até então não tinha colocado na água.
Surfei e não achei legal.
Saía do mar chateado quando Mula vira prá mim e diz:
- Baiano, tenho a solução para seus problemas: está aqui, esta quilha!
Rapaz...
Não acreditava mas ele deixou que eu fizesse um test-drive.
Sabe o que é mudar uma prancha?
Mudou!
A prancha voou baixo.
Andei muito!
Tanto que fiz esses resultados em Maracaipe.
Agradeço sempre a Caracol e Mula por terem me proporcionando esses dias maravilhosos na vida.
Foi muito bom voltar de uma competição de nível nacional com um resultado desses.
Foi muito legal sentir que minha missão estava cumprida e perceber minhas limitações, tendo em vista que estava correndo em duas categorias.
Hoje, sou surfista de alma e não participo mais de competições embora esteja sempre trabalhando nelas como juiz da federação baiana e agora, também, como organizador de eventos de surf.
Nos vemos por ai!
Dentro e fora d'água.
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